Para os empreendedores com poucos recursos, os tradicionais carrinhos de venda de alimentos na rua pode ser uma saída.
Isso não quer dizer que você tenha que fazer igual a todo mundo, pelo contrário! Com criatividade, dá para deixar o cachorro quente de todo dia com cara de... cachorro-quente gourmet!! Tem brigadeiro gourmet, bolo gourmet, etc, etc, então vamos pensar no hot-dog gourmet!!
Lembro da minha época de faculdade, tinha uma moça com um carrinho super bem montado na porta, na hora da entrada. Hora da fome, imagina que você trabalhou o dia todo, passou no mínimo mais uma hora dentro do busão até chegar na facu, morta de fome!!
No carrinho, pão francês fresquinho e 3 tipos de lanche: o tradicional hot-dog, que na época vinha recheado de purê de batata, batata palha, vinagrete... Delícia. Bom, voltando, mais dois lanchinhos também na "frança": carne louca e frango louco. Em uma mesa de abrir e fechar de alumínio ao lado do carrinho ela organizava tudo em caixas plásticas tampadas, uma para os pães, uma para cada complemento, as salsichas fervendo no compartimento do carrinho e a carne e o frango em panelas tampadas, também aquecendo...
A menina ainda tinha um baita isopor ao lado do carrinho, com refri em lata e sucos. Dava nove e meia não tinha mais nada. Quem bobeava ficava sem. Olha, era muito bom. Tudo limpo, limpo, limpo. Os recheios super gostosos, frescos, bem temperadinhos. O pão, fresco, grande, nada daqueles pães mirrados e murchos que a gente vê por aí.
Como ela vendia à noite e a rua não tinha luz o suficiente, ainda tinha um charmoso lampião pendurado no carrinho, que além de iluminar tudo ainda era um encanto a mais. A menina de avental comprido, touca no cabelo, luva. Tudo era colocado no pão com pegadores, ela não colocava a mão em nada, cada pão já no seu saquinho.
Um dia conversando, ela me contava que a mãe fazia a carne e o frango louco (tudo desfiado, com bastante cebola, pimentão, muita salsa) e foi o jeito que ela achou para pagar os estudos e ainda dar uma força em casa. Combinou com a padaria ali perto mesmo a compra dos pães, todos os dias. Na cobertura do carrinho, que o pai dela tinha reforçado, ela colocou um barril de plástico com água limpa, com uma mangueira que descia e que ficava fixada na lateral do carrinho, onde ela lavava as mãos constantemente e a água usada já caía em outro barril cortado e preso no próprio carrinho, com uma mangueira saindo embaixo para descartar a água. Vários e muitos panos de prato bem branquinhos, uma caixa com as luvas, enfim, tudo super organizado que dava gosto. E com essas idéias diferentes (na época eram e eu achava muito legal as adaptações no carrinho que ela fez para manter tudo limpo, não tinha álcool em gel na época rsrsr).
Na época ela vendia uma média de 50 a 70 lanches por noite, entre o período de entrada e o intervalo. Trabalho pra mais de metro mas bom, né?
E a gente ama cachorro-quente, não é? Vamos a algumas idéias para incrementar:
1 - ofereça algo mais no seu cachorro: pode ser um acompanhamento diferente, além dos tradicionais purê, batata palha. Como eu falei, um vinagrete gostoso vai bem, um molho especial tipo barbecue (que pode ser caseiro, sim), até mesmo vegetais podem ser usados como acompanhamento (milho em conserva, picles, repolho bem fininho e temperado, cenoura ralada, alface... Um cachorro-quente natureba, porquê não?)
2 - ofereça salsichas diferentes! hoje em dia tem tantos tipos! Salsicha de peru, salsicha sem corante, salsicha de soja, salsicha de frango, vários tipos de salsichas lights. Os produtos mais naturais estão em alta, aproveite.
3 - saia do tradicional pão de leite, aquela bisnaga própria para cachorro-quente. Tente um pão francês, uma baguete, quem sabe uma padaria pode entrar em parceria com você e fornecer um pão do jeito que você quer? Converse com o dono da padaria!
4 - invista em acessórios que deixem o atendimento mais prático, por exemplo, os dispensers para molhos e cremes, olha que legal:
Ou a tradicional recheadeira que o pessoal usa em carrinhos para churros. Você pode comprar quantas precisar e usar uma para cada molho especial:
5 - equipamento em ordem, sem ferrugem, sem sujeira, em inox para ajudar a evitar a contaminação. Mas olho na limpeza, álcool e papel toalha (descartável) que é a melhor solução.
Como nós brasileiros somos super criativos em tudo, pense em um carrinho para os seus lanches que seja lindo, personalizado, quem sabe você tem alguém arteiro na família para dar uma força? Pesquisando por imagens, veja só que lindos eu encontrei (não me pergunte quem faz ou quanto custa por que eu não sei ok?) Isso é apenas uma idéia para provocar você.
Olha este, que capricho...
Um luxo esse aí de cima, né?
O tradicional
Moderno!
Falei dos acompanhamentos que são importantes para personalizar o seu lanche. Adorei quando vi isto:
Capricho total, protegidos, tudo limpo.
Para quem está pensando em investir, tem que pensar em primeiro lugar no ponto. Um lugar com movimento de pessoas, como a porta de uma escola, clube ou fábrica vai garantir o fluxo de pessoas que você precisa.
Observe o movimento, em diversos horários. Veja se tem uma padaria onde você possa comprar o pão por perto, verifique se existe policiamento, veja os comércios que estão presentes, se tem concorrência.
Procure a prefeitura da sua cidade e informe-se sobre a legislação vigente para a comida de rua e a necessidade das licenças e autorizações.
Quando a gente legaliza um negócio de comida, há desvantagens como o pagamento dos impostos e licenças, mas há vantagens como poder fazer cadastro em fornecedores e conseguir preços e condições melhores, inclusive para os equipamentos, poder alugar uma máquina para receber os pagamentos com cartões (facilita a vida de todos), conseguir um crédito bancário, etc.
Lembrando o mais importante: PLANEJAMENTO! Pesquise os fornecedores, veja os preços e os modelos de carrinhos, procure os atacados de alimentos e faça um levantamento dos produtos que você vai usar, pesquise os preços dos itens acessórios e descartáveis de uso diário, como guardanapos, papéis, copos, etc. Veja todas as informações sobre licenças e tudo o que você vai precisar pagar e comprar antes de começar.
Faça planilhas de custo do seu cachorro, considerando os ingredientes, somando tudo para ver o custo de cada um. Não esqueça das embalagens que você for usar.
Vale a pena "perder" um pouco de tempo nisso, a grande maioria dos dogueiros não tem planejamento e por isso não conseguem fazer o negócio progredir para coisas maiores.
Daria para falar mundos e fundos, comida na rua é ótimo para quem precisa se alimentar fora de casa e para quem precisa de uma renda. Sonho com o dia em que teremos foodtrucks como os americanos, com verdadeiros restaurantes circulando pelas cidades.
Acompanho a legislação sobre o assunto e assim que tivermos novidades venho contar aqui. Enquanto isso, você pode deixar um comentário para mim, dizendo se você já trabalha assim, quais as dificuldades, o retorno, enfim, o que quiser.